Opinião

A pandemia de 2020 obrigou a alterações sem precedentes na sociedade civil portuguesa, particularmente sentidas nos sistemas e cuidados de saúde. A Pneumologia enquanto especialidade foi uma das mais envolvidas no diagnóstico e tratamento dos doentes com COVID-19 ou a sua suspeita. Os profissionais em formação, tipicamente mais jovens estiveram quase sempre na linha da frente, com participação nas urgências e enfermarias COVID. Esta nova atividade associou-se ainda à suspensão de muita da atividade habitual hospitalar, fundamental à formação. Uma outra vertente foi o adiamento de formações e avaliações intercalares e finais, com consequências diretas na progressão dos formandos.
A 31 de maio celebra-se o Dia Mundial sem Tabaco e a Medicina Interna não pode deixar de assinalar esta data, uma vez que os internistas todos os dias tratam doentes com as mais graves repercussões do tabagismo.

A asma é uma doença comum caracterizada por inflamação crónica e obstrução transitória e potencialmente reversível das vias aéreas. A obstrução é variável e frequentemente reversível, quer espontaneamente quer após recurso a medicação.

Hipertensão pulmonar designa um aumento da pressão sanguínea na artéria pulmonar. A simplicidade desta definição contrasta com a sua complexidade etiológica, que torna exigente a tarefa clínica de encontrar a patologia causadora deste distúrbio de pressão. São várias dezenas as entidades clínicas que podem provocar hipertensão pulmonar, desde a insuficiência cardíaca esquerda ou a doença pulmonar obstrutiva crónica, muito prevalentes na população geral, até patologias mais raras, como a sarcoidose ou o angiossarcoma. Comum a todas elas é o facto de a presença de hipertensão pulmonar constituir um sinal de pior prognóstico.
Desde longa data que, nos tumores sólidos, a biópsia tecidular é o exame de excelência para diagnóstico histológico e estudos imunoquímicos, genéticos e moleculares das diversas neoplasias. Tradicionalmente, as ferramentas anatómicas, patológicas e também as imagiológicas permitiram, em combinação, uma avaliação de cada tumor sólido e o seu estadiamento de acordo com a classificação clínica de Tumor, Nódulo e Metástase (TNM). Até à data, a maioria dos tratamentos em Oncologia são baseados nesse estadiamento e classificação. Acrescentar informação obtida através da Medicina Molecular é essencial para otimizar a terapêutica de cada doente e de cada tumor.
Em Portugal, as doenças respiratórias, em particular as doenças respiratórias crónicas e as suas agudizações, continuam a ser uma das principais causas de morbilidade, mortalidade e consumo de recursos de saúde.
Desde a década de 50 do século XX que o tabaco começou a ser mais consumido, fruto de campanhas publicitárias com atores de cinema, e começou também a ser implicado no aumento da incidência das doenças cardiovasculares, respiratórias e malignas, independentemente do tipo de tabaco consumido.
Dados de 2018 da Agência Internacional para a Pesquisa do Cancro referem que um em cada cinco homens e uma em cada seis mulheres terão cancro durante as suas vidas. Também um em cada oito homens e uma em cada onze mulheres morrerão desta doença.

Muitos têm sido os esforços efetuados nos últimos anos para conhecer a Biologia Molecular e o papel do microambiente tumoral no cancro do pulmão, o que já nos permite realizar terapêuticas dirigidas (a mutações, à interação entre o sistema imune e a neoplasia...) e melhorar a qualidade de vida e a sobrevivência do doente. É também de realçar que, para diminuir a morbilidade e mortalidade causada pelo cancro do pulmão, a prevenção e o diagnóstico precoce são essenciais.